FOTOGRAFIA EM GOIÁS – PARTE I

 

1. SURGE A FOTOGRAFIA

As gerações passadas nos mais diversos momentos históricos buscaram registrar por meio de imagens todo e qualquer tipo de manifestação social e/ou cultural. Da arte rupestre aos grandes trabalhos de arte contemporânea, trouxeram à luz sinais de vida latente – marcas de um mundo em constante evolução.

Um dos marcos desta arte de congelar o tempo foi, sem dúvida, a fotografia. Esta, por seu turno, nasce num período de grandes avanços tecnológicos, impulsionados pela revolução industrial européia do século XIX, que introduziu os mais variados processos científicos em prol do desenvolvimento de máquinas que sustentaram o crescimento industrial e econômico.

Tecnicamente, o surgimento da fotografia dá-se a partir da junção de duas invenções, conforme Dubois explicita:

Qualquer manual de história da fotografia apresenta sua invenção como o resultado da conjunção de duas invenções preliminares e distintas: a primeira, puramente ótica (dispositivo de captação da imagem); a outra, essencialmente química, é a descoberta da sensibilização à luz de certas substâncias à base de sais de prata (dispositivo de inscrição automática) (DUBOIS, 1993, p. 129).

Mas a conjunção destes dois processos não fora ainda suficiente para determinar uma questão fundamental: como parar o tempo, encerrando num quadro a imagem de um momento, um objeto ou um indivíduo por meio de um processo complexo.

Uma questão problemática foi a alta sensibilidade do processo químico à luz, o que não permitia a fixação da imagem. A foto, em si, é uma sombra impressionada e fixada.

Talbot, um dos pioneiros da imagem fotográfica, escreveu, em 1839, um folheto detalhando este problema:

(...) se conseguira pela sensibilização de um suporte “produzir uma espécie de imagem ou desenho de sombra parecido de certa maneira com o objetivo do qual derivava”, nem por isso deixava de ser ainda “necessário conservar essas imagens num fardo e vê-las à luz de uma vela, porque à luz do dia, o mesmo processo natural que formara a imagem a destruía enegrecendo todo o papel” (Apud. DUBOIS, 1993, p. 138).

Após vários testes, conseguiu-se chegar a um resultado definitivo no que tange à fixação da imagem independentemente da sua exposição perante a luz. A partir de 1839, surgem as primeiras máquinas já desenvolvidas para fixar a imagem; o maior exemplo são os daguerreótipos. Finalmente, havia sido contornado o problema da nitidez e da fixação. O processo era bastante simples. Uma chapa metálica era tratada com vapores de iodo, que se tornavam iodeto de prata quando impregnados na chapa, tornando-a fotossensível. Essa chapa era colocada numa câmara escura, sem contato com a luz, e feita uma exposição que variava de 20 a 30 minutos mais ou menos. Após a exposição, era necessário fazer o iodeto de prata se converter em prata metálica, para a imagem se tornar visível, e eis que entrava o mercúrio, cujo vapor foi o primeiro sistema de revelação fotográfica anunciado comercialmente. Este processo de congelamento da imagem foi aprimorado por Louis Daguerre, inventor da máquina que leva o seu sobrenome: daguerreótipo.

Mas ainda faltava outro aspecto que incomodava: como fotografar pessoas e como fotografá-las em movimento. No ano de 1841, surgem chapas mais resistentes à luz, objetivas mais luminosas e um processamento químico mais aprimorado. Surgem, a partir daí, os primeiros estúdios especializados em fotografar pessoas. Como nos elucida Kubrusly, “Os estúdios surgiam em cada esquina, ocupando, quase sempre, a parte mais alta dos prédios, para aproveitar plenamente a luz do sol” (KUBRUSLY, 1991, p. 38).

O frenesi causado pela oportunidade de registrar a própria imagem e deparar-se com a mesma foi proporcional ao desconforto gerado pelo tempo considerável de exposição na frente da câmara. As primeiras fotografias revelaram imagens de retratados cujas fisionomias insinuam austeridade, pois era preciso manter-se concentrado durante longos minutos, o que deixava transparecer a rigidez dos músculos que sustentam a face.

Ao longo da década de 1860, dá-se o advento do instantâneo e, desde então, os avanços tecnológicos das câmaras fotográficas surpreendeu até os mais céticos. Hoje, meios mecânicos ou eletrônicos permitem registrar eventos com um tempo de exposição ínfimo, revelando aspectos surpreendentes do movimento que o olho não pode perceber.

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